Aproxima-se mais uma quadra natalícia, época
do ano em que tradicionalmente as famílias se reúnem para celebrar o natal em
família.
Em tempos o Natal era vivido efusivamente em
torno da mesa de consoada, em amena cavaqueira, contando-se as peripécias vividas
no decorrer do ano, enquanto as crianças se divertiam, jogando ao rapa,
saltitando ou correndo no exterior da casa, sem medos aos rigores de inverno.
Sanfins
Os adultos esses matavam saudades recordando
memórias de outros tempos, ou revivendo as tradições, colaborando na feitura das
iguarias e na fogueira de natal, na qual se juntava a aldeia para celebrar a
amizade.
Fogueira de Natal
Actualmente o espírito natalício já não é o
que era, pois o consumismo desenfreado gelou as almas e foi arrefecendo as
tradições.
As prendas muitas vezes caras são trocadas
como se de uma obrigação se trata-se, tendo-se muito em conta o que se oferece
e o que se recebe. Já não basta um sorriso ou um carinho, até isso tem que ser
comprado.
As conversas deram lugar aos telemóveis, aos
tablets, aos computadores, aos jogos, ao mundo digital em detrimento do mundo
real.
As crianças já não jogam ao rapa, já não
saltam, já não correm … já não vivem!
A culpa? Bom acho que é de todos nos que nos
acomodamos a viver rodeados por uma multidão de gente amorfa e fantasmagórica afogueada
nas suas vidas isoladas, como aliás muitas vezes nós próprios o fazemos. Quantos
de nos cumprimentamos um estranho ou brindamos um desconhecido com a nossa
simpatia?
Vivemos procurando aceitação, buscando
constantemente algo que não entendemos, pois sentimo-nos vazios e apenas preenchidos
por momentos fugazes. Afinal que mais somos do que seres que vivem na solidão e
que na solidão padecem? Em boa verdade nascemos sós e sós morremos, o corpo é o
nosso templo onde habitamos desde os primórdios das primeiras palavras
pronunciadas até à exasperação do último suspiro
Se na vida nunca nos sentimos completos e
felizes quando temos uma família feliz, um tecto, um emprego, amigos puros e
verdadeiros, então quando estaremos completos? Que vida queremos? Que sentimos
nesta época festiva – queremos ser felizes? Pois temos que buscar tal
felicidade nos pequenos gestos que praticamos diariamente.
O Natal deve ser todos os dias, sem troca de
prendas materiais, mas a haver sejam secundárias, bastando tão só a troca de
sorrisos, de sentimentos, de amizade e de amor …
Não deixemos que a sociedade nos corrompa a
alma e nos mate a vida, busquemos os sentimentos que tradicionalmente nesta época
nos enchem de solidariedade e amor e disseminemo-lo pelos restantes dias do
ano …
A todo um feliz e santo Natal hoje e todos os
dias das nossas vidas!
João Salvador – 22/12/2014
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