sexta-feira, 12 de julho de 2013

Memória resgatada

(Foto da autoria de Maria da Conceição)

Tempos idos …
Que dizer desta foto?
Tempos de felicidade em que os sorrisos estampados nos rostos familiares eram um tesouro bem precioso, apesar das adversidades vividas, espelhadas no rosto daquela mãe coragem retratada na foto.
Rosto sofrido mas determinado…
Vivia-se harmoniosamente estes pequenos momentos, apreciando-se as videiras que polvilhavam as "latadas", ornamentadas pelas uvas bastardas ou morangueiras.
Debicavam-se e saboreavam-se prazerosamente estes prémios celestiais com que a natureza premeia o ser humano. 
Banhavam-se os filhos da "Tia Clara" no rio que corria límpido e transparente, lavando as almas inocentes daquelas crianças que sonhavam com um futuro promissor.
Bebia-se a água nas "águas férreas",  cujas cores acastanhadas dos vestígios ferrosos depositados no leito do rio, libertados pela própria terra, lhes davam um sabor ainda que não desagradável um pouco diferente. 
Corria-se pelas ladeiras e calços cultivados pelas mãos calejadas da tia Clara e dos filhos, onde o batatal lhe enchia o olhar de orgulho, pois com elas alimentaria seus filhos. 
Nesses calços predominava a oliveira que se levantava senhoril, fazendo sombra as mais belas árvores nativas, rivalizando em esplendor com o carvalho e o negrilho. Era dali que se extraia o azeite, com o qual se lambuzavam os filhos da moleira.
Nesse saudoso dia cujas memórias agora resgato, percorreram-se os trilhos dos pescadores desportivos, dos moleiros e das terras mais próximas.
Sentiu-se o cheiro expelido pelas plantas silvestres, apreciando-se a beleza de cada uma, sentiu-se a terra húmida nas mãos, admiraram-se os pássaros que por ali esvoaçavam.
Foi um deleite principalmente para a neta da tia clara, que frequentemente ria alegremente, contagiando toda a família.

João Salvador – 12/07/2013

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