Após terem jantado em família, lá segui para
o clube onde esteve a ver as notícias na RTP, meditando sempre no seu próprio
silêncio.
O filho mais velho entretinha-se juntamente
com outros a jogar o pião ou a jogar ao rapa, ora ganhando, ora perdendo.
O moleiro conversava com o Tó sobre a matança
do porco que se aproximava. Mas o moleiro tinha um semblante carregado e
triste, o que preocupou o Tó.
- O que tens ó moleiro?
- Nada amigo, apenas me sinto triste e
preocupado.
- Mas estás doente?
- Não, mas sinto alguma coisa que me
preocupa, nem te sei explicar. Temo pelo futuro dos meus filhos.
- A vida vai assim tão mal – perguntou o Tó.
- Vai-se vivendo, mas o moinho já não me dá
grande sustento.
- Pois imagino, o cereal agora começa a ser
levado para as moagens industriais. Mas ainda tens bastantes fregueses.
- Sim é verdade – disse o moleiro. Mas
começam a diminuir o que me preocupa. Até já diminuiu a maquia do alqueire de
1,5 quilogramas para um quilograma.
- Tem calma amigo moleiro. Tens ainda os
terrenos para te socorrer.
- Sim é o que me vai valendo! Só espero que a
saúde nunca me falte.
- Não há-se faltar és um homem cheio de saúde.
- Entrego a vida nas mãos de Deus. Mas não
sei … sinto alguma coisa que me pesa na alma. Bem vou para casa ter com a
mulher.
- Vai com Deus amigo moleiro. Até amanhã!
- Até amanhã – disse o moleiro como que prevendo
o desfecho daquela noite.
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