domingo, 26 de agosto de 2012

Crónicas da vida e morte do João Moleiro - Sono eterno


XI – Sono eterno


E lá foi o moleiro deitar-se, sentindo-se indescritivelmente só, adormecendo pacificamente, para nunca mais acordar.
O seu último sonho e o bailar dos seus pensamentos, foi com os filhos e com a mulher. Viu algo de estranho a pairar na sua mente, um quinto filho que não tinha mas que lhe surgia teimosamente no sonho.
Era uma criança parecida consigo fisicamente, o qual o chamava repetidamente de pai. Viu-a sorrir-lhe passando-lhe sentimentos e laços de amor, sossegando-o na sua morte que se aproximava.
Agradeceu a Deus poder conhecer ainda que em sonho o seu filho ainda por nascer e os anos que lhe havia dado de vida.
Aceitou o seu inevitável destino, vislumbrando finalmente uma luz que se aproximou lentamente, tragando-lhe a alma, apagando-o para a eternidade – a vida do moleiro havia-se assim extinguido serenamente.
Atravessou o rio da vida que o transportou para o além …

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