O
património cultural de uma nação é em si a sua própria identidade. É através
dele que a nossa história é contada e relembrada. O cuidar desses tesouros é um
dever de todos nós, pois o respeito pelos nossos usos e costumes ancestrais
devem ser recordados e preservados com orgulho!
Quando
um monumento; edifício ou bem cultural necessita de ser restaurado ou alvo de
intervenção, a mesma deve ser feita por pessoas devidamente credenciadas para o
efeito, pois caso contrário verificar-se-ão eventuais alterações ao património
cultural na sua estética visual, que ferirá de morte a originalidade do bem
que temos o dever de preservar.
Não
direi que os responsáveis por tais atentados ao nosso património cultural o
façam intencionalmente, com qualquer outro propósito (pois poderia ser
interpretado como ofensivo), mas denota uma total falta de conhecimento nessa
vertente, ou mero desleixo. Não se procuram arquitetos como o Siza Vieira, nem
tão pouco sejam especialistas ou versados na matéria, mas tão só rigor prévio
nas avaliações das intervenções que se querem fazer no património cultural de
uma aldeia; vila ou cidade.
Situação
há que são remediáveis, outras infelizmente são efetuadas com uma negligência
tal que não é mais possível repor a originalidade do património.
Tenho
notado nas minhas curtas viagens ao Norte de onde sou natural, que algum
património tem vindo a ser alvo de intervenções, sem que os responsáveis se tenham
assegurado que essas mesmas intervenções, não alterassem a originalidade e os
traços arquitectónico-culturais desse património.
Desde
lavadouros públicos; até chafarizes, incluindo edifícios como igrejas e
capelas, tenho notado o desleixo com que as obras são feitas quer não apenas na
parte estrutural mas também acrescentando pormenores arquitetónicos desadequados aos
locais, o que muito me entristece.
Seria
pertinente que antes de tais intervenções desadequadas feitas um pouco à moda
do “fazer para mostrar obra”, fossem objecto de análise e estudo para se aferir
de que maneiras podem ser efetuadas sem adulterar os seus traços. Além de que
muitas vezes se tratam de intervenções profundamente desnecessárias, bastando
nalguns casos uma limpeza profunda e metódica dos edifícios ou ao património
cultural (dependendo do objeto alvo).
Questiono
por exemplo o caso de um lavadouro público, colocado numa zona rural,
constituído por pedra (penso que de granito), se será relevante a colocação de pilares que
fazem lembrar um pórtico militar, sem qualquer tipo de utilidade, nem sequer
para cobertura?
Naturalmente que destrói a originalidade do lavadouro (onde
gerações de mulheres rurais lavaram as roupas de seus familiares e onde as notícias da aldeia eram amplamente afloradas), desde logo
porque fica desenquadrado da natureza e da estética do mesmo e em segundo lugar
os pilares são feitos de betão, o que o torna um mamarracho e um convite à
banalização de obra para “mostrar à vista” sem qualquer propósito e com custos
para o erário público.
Pede-se aos responsáveis locais que se preocupem mais com o património cultural, pois a
preservação requer bom-senso e um certo conhecimento nessa matéria.
As
nossas memórias são a nossa história e a nossa história faz-se do que herdamos
dos nossos antepassados, que merecem o nosso respeito, honrando o património
por eles deixado, preservando-o nos seus traços originais e não adulterando-o!
João
Salvador – 14/08/2012
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